O amor é o melhor caminho

O amor é o melhor caminho

Crescemos num mundo pré-moldado, de conceitos estabelecidos e muito rígidos. Somos condicionados há longo tempo a determinados paradigmas que nos aprisionam a mente, o corpo e a consciência. Isso nos impede em vislumbrar o diferente com os olhos da alma, e perceber a verdade que se revela através do amor genuíno.
Receber o diagnóstico de autismo de um filho, a princípio, não é nada fácil, até porque, trata-se de uma condição atípica, que por si só, gera incertezas e muitos medos.
Como pais, nosso maior desejo é que nossos filhos tenham uma vida saudável, feliz e independente. Nós aprendemos e conhecemos esse caminho, mas quando precisamos mudar a direção e adentrar um terreno desconhecido, o medo pode nos deixar perigosamente vulneráveis.
Muitos pais são vítimas de charlatanismo, de alegações impactantes mas sem respaldo científico que os levam a acreditar em “tratamentos” de origem duvidosa, agressivos, caros, ineficazes e sem quaisquer estudos comprovados.
Uma dica é, antes de iniciar qualquer tratamento, questionem se existe nele uma lógica científica coerente, analisem de forma crítica os riscos e benefícios associados, pesquisem se existem estudos a respeito do tratamento proposto e que estejam publicados em periódicos médicos bem-conceituados.
Não sou a dona da verdade, nem tenho a pretensão de ser, também porque entendo que o conhecimento é, por si só, uma busca incessante, e que quanto mais conhecemos sobre o autismo e tudo que nele existe, mais descobrimos o quão complexo é todo seu mecanismo neurobiológico.
O fato é que, existem propostas de “tratamentos” dos mais variados tipos por aí, como é o caso da quelação, do Lupron, da OHB, Injeções de Secretina A, terapia de branqueamento, terapia com antifúngicos, etc…. Há uma lista bem mais extensa de questionáveis opções de “cura”, mas que além de não serem comprovadas por estudos científicos podem ser extremamente perigosas para a saúde.
É muito importante que estejamos sempre atentos, pois um mercado que se alimenta e se enriquece às custas da saúde de nossas crianças e adolescentes, de nossa vulnerabilidade emocional e do medo que muitos pais acabam tendo de denunciar, está lá fora, ávido por nos envolver e nos convencer dos seus mais bizarros e nocivos “tratamentos”.
Diante ao exposto e entre tantos outros motivos não menos importantes, a conscientização se faz urgente. Precisamos lançar luz ao bom senso, questionar, pesquisar, discernir o que é coerente e o que não é.
O conhecimento nos livra dos equívocos e dos nossos mais profundos medos, ao tempo em que nos oferece novas possibilidades e insights poderosos.
Quando passamos a conhecer o autismo, e passamos a compreender que, o que o torna severo são as comorbidades, conseguimos entender o que precisa ser tratado, de fato, como doença ou distúrbio, e o que deve ser apreciado e incentivado, porquê o autismo tem, sim, peculiaridades extremamente positivas e promissoras, seja qual for sua classificação.
Quando olhamos nossos filhos com verdadeira aceitação e admiração por quem eles são, com amor incondicional, enxergamos de forma muito mais clara os seus desafios, seus anseios e suas dores, descobrimos novos caminhos de comunicação, novas formas de sentir, criamos uma relação enriquecedora de confiança e aprendizado mútuo. A partir desta interação, do estar junto sem julgamentos, sem cobranças, apenas por apreciação e amor, o desenvolvimento acontece de forma natural e consistente, então a vida encontra um novo eixo. Nesta altura do caminho e de forma especialmente gratificante, nos redescobrimos como ser humano, nos deparamos com o que há de melhor em nós, e no tempo certo, sob uma nova percepção, aprendemos que ser e viver diferente é, definitivamente, normal.
Acredite no potencial do seu filho.
Confie no seu coração e na sua intuição.
O amor é sempre o melhor caminho.

Por Lucília Reale, asperger, mãe de autistas, escritora e educadora que acredita na evolução consciencial humana através do conhecimento que nunca cessa.

2 comentários

  1. Greicy Kely Cordova Vizotto disse:

    Bom dia, me chamo Greicy sou Psicopedagoga e Terapeuta ABA, enfrentamos muitos desafios no âmbito escolar, como poderíamos multiplicar seu Projeto.. levar a escolas da nossa cidade?

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